Cerca de trinta pacientes renais crônicos de Paracambi são levados para outros municípios para realizar hemodiálise. A cidade já contou com o procedimento anos atrás, mas atualmente disponibiliza apenas o transporte para levar os pacientes a unidades de saúde em Japeri e hospitais da capital fluminense, onde a terapia renal pode ser realizada.
A hemodiálise consiste em cumprir o papel de um rim, que, quando está afetado, não consegue mais dar conta da filtragem do sangue. As sessões duram entre três e quatro horas e devem acontecer, no mínimo, três vezes por semana.
Maria Beatriz Marques, de 84 anos, precisa acordar cedo toda terça-feira, quinta e sábado, para realizar o tratamento em Engenheiro Pedreira.
“Para mim, é incômodo ver uma senhora de 84 anos ter que acordar às quatro da manhã para se arrumar e ir para uma cidade vizinha fazer um tratamento que já teve aqui no nosso município”, declara a neta, Carla Cristina de Oliveira.
Há alguns anos, por conta de um convênio do SUS, o município contava com 23 leitos para o tratamento. Como cada sessão leva, em média, quatro horas de duração, era possível realizar três turnos, o que permitia que até 69 pessoas realizassem a terapia na cidade.
Segundo Carla, a avó precisa acordar muito cedo pois, além de dona Maria, a van transporta outros pacientes, então ela precisa passar na casa de todos eles para levá-los ao município vizinho. O tratamento, que já é desgastante, se torna ainda mais difícil.
O candidato a prefeito Andrezinho Ceciliano (PT) tem como uma das propostas para a saúde no município o retorno do tratamento de hemodiálise na própria cidade. “As pessoas estão indo fazer o tratamento lá em Engenheiro Pedreira, mas vão voltar a tratar aqui. Este é um compromisso nosso e podem nos cobrar”, afirmou durante um dos eventos do Programa de Governo Participativo (PGP) em que discutiu demandas da população.
Vistoria do CREMERJ constata problemas
Além da falta que a hemodiálise faz no município, os problemas no sistema de saúde de Paracambi não se limitam a isso. Moradores reclamam da falta de insumos e de, até mesmo, de médicos. “Minha vizinha foi em busca de um pediatra para o filho dela nessa semana, mas não tinha”, afirmou Jessica Silva, que mora no bairro de Lages.
Em agosto de 2022, o Departamento de Fiscalização do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (DEFIS/CREMERJ), realizou uma vistoria no Hospital Municipal Dr. Adalberto da Graça, que fica localizado no mesmo bairro que Jéssica mora.
A vistoria foi feita a pedido do próprio CREMERJ juntamente ao Poder Judiciário para verificar as condições de funcionamento da unidade de saúde. De acordo com nota publicada no site da autarquia federal, o hospital contava com deficiências no corpo clínico, na infraestrutura e nos equipamentos.